quinta-feira, 17 de setembro de 2009

F(e)ridão Ambiental II

O rio Tâmega, às portas de Amarante, reflecte no espelho da albufeira do Torrão a perda da qualidade das águas que deviam ter capacidade para usos múltiplos. Nas águas estagnadas pela Barragem do Torrão (Alpendorada e Matos – Marco de Canaveses) – a primeira com que o Ministério do Ambiente iniciou a artificialização do Tâmega – acumula-se todo o tipo de poluição proveniente das águas residuais urbanas e industriais que ainda não foram eliminadas do rio. A situação é de tal modo insustentável que o estado eutrófico que o rio Tâmega apresenta é visível à vista desarmada.
Além do Ministério Público, «a Quercus apela também às populações de Mondim de Basto e Celorico de Basto que se desloquem ao local para que vejam com os seus próprios olhos o possível futuro do rio Tâmega na albufeira da prevista barragem do Fridão. ler tudo aqui
creditos fotográficos :Ana Magalhães
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Se o meuTamega de hoje me encanta é porque não desci ainda ao Torrão, onde podia notar os "destroços de um rio", deixados por quem por necessidade e interesse entendeu mudar a sua signa. Este cenário tem actores responsaveis, do qual não nos podemos inibir, pois consumimos a sua origem no mesmo registo que os compradores de peles de animais são responsaveis pelo seu abate.É este cenario que me injecta um cepticismo imenso em relação às ditas barragens, e me faz ter vergonha do meu estilo de vida...
Acrescento a isto um apontamento de Ana Magalhães:
Hoje desci ao meu rio e vi o que jamais gostaria de ter visto e cheirei o cheiro pestilento e fétido que jamais gostaria de ter cheirado. Entre o espantada, o incrédula e o aterrada vi e cheirei o meu Tâmega agonizando, num silêncio penoso, aterrador e fantasmagórico, perante a absoluta indiferença das autoridades locais e nacionais.Onde estão as autoridades do meu país? Onde estão as autoridades que têm responsabilidades nos sectores das águas e do ambiente, perante este crime que se perpetua no tempo, agravando-se a cada dia que passa?Onde estão os órgãos de comunicação social do meu país cumprindo a sua função de denunciar e informar?Onde estão os ambientalistas? Onde estão os ambientalistas? Dormem?A que interesses se deve esta "barragem de silêncio nacional" sobre um assunto tão grave quanto este?
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Vem espelho de agua, que trata e guarda o que é nosso afinal ....ridiculo

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro Carlos Leite,

Como sabe, e independentemente da questão central que coloca no seu comentário (o nosso estilo de vida) no que concerne ao consumo de cada vez mais e mais energia importa, todavia, não esquecer os seguintes indicadores :

- As 10 barragens programadas para todo o País vão aumentar a produção de energia em sómente 3 %.

- A dimininuição na emissão de C02 está calculada em 1 %.

Em quanto vai contribuir a barragem de Fridão, que é a que mais directamente nos afecta ?

Vale a pena tanta destruição ?

A relação custo/ benefício não deve ser sempre equacionada?

Podemos acreditar no estudo de impacte ambiental que está a ser feito e que é pago pelo concesionário da obra ?

Os custos ambientais ( danos) não serão muito mais relevantes que o aumento de produção esperado ( benefício ) ?

Podemos acreditar que as ETARS a construir não vão deixar que aconteça o que no Torrão está à vista ( e ao cheiro ) de todos ?

A ETAR ( a nova ) que foi construida em Amarante funciona bem ?

Tantas e tantas questões que nós, os afectados, podemos equacionar...

saudações
Alfredo Pinto Coelho / Mondim

Carlos Leite disse...

A questão envolve directamente a nosso estilo e vida e pela necessidade cada vez maior de energia de forma a sustentar a nossa suposta “qualidade de vida”. Uma das melhores formas de protesto, neste caso seria um apagão por parte das terras de Basto, que no entanto me parece algo utópico uma vez que uma grande parte da população se encontra a favor da construção da barragem, se por desconhecimento se por verdadeira opção mediante conhecimento de causa, isso não sei.


Quanto às questões colocadas:

Os 3% tornam-se uma fatia importante na medida que os mesmos podem ser produzidos e utilizados nos picos de consumo de energia, representando uma cota de produção real mediante necessidade maior. Agora o que me parece é que a questão poderia ser resolvida de outra forma, desde a taxação superior nas horas de maior consumo generalizado, incentivo á utilização de aparelhos de baixo consumo. E deste modo penso que a redução dos níveis de CO2 baixariam tambem.
A barragem de Fridão será as que melhor coeficiente de produção terá, mas esse beneficio para o país poderá representar a estocada final na economia débil das terras de Basto, pela alteração do microclima e consecutiva desvirtuação das condições propicias à produção do vinho verde, e de uma paisagem Natural que seria um filão a explorar turisticamente num mundo de silicone.
As barragens não aumentarão a poluição do rio apenas a tornam mais evidente, e para este problema as ETAR´S serão parte da solução e nunca parte do problema, deve-se trabalhar é no aumento da sua eficiência, e evitar as descargas directas no rio Tâmega bem como nos seus afluentes, o que não será tarefa FACIL.

Há questões abertas que faltam resolver, cabe-nos a todos encontrar soluções para os problemas, pois alem da nossa discordia temos como dever civico de socialmente procurar e defender o melhor caminho para todos.

Grato pelo seu comentário e pelas questoes pertinentes por si levantadas.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Boa tarde

Moro em Veade e estou numa situação em que não sei se vou ser prejudicado ou beneficiado pela barragem. Por falta de informação do meu municipo ou por desconhecimento da minha parte a única informação que obtive acerca das eventuais consequencias da barragem foram dadas pelo prof. Rui Cortes em Mondim de Basto.

Tenho familiares bem colocados que me disseram que a barragem é um dado adquirido, é só uma questão de tempo, se assim for, será que nós fazendo pressão junto dos nossos municipios e exercendo capacidade de mobilização não deveriamos era começar a pensar no que poderemos exigir à EDP como contrapartida da barragem. Quero deixar bem esclarecido que não estou a pensar em contrapartidas financeiras dadas aos municipios nem aos lesados porque esses são idmnizados, mas sim contrapartidas que nos garantam pelo menos o bem estar do nosso rio e as suas margens.

A minha posição perante a barragem já é de resignação (vou ter que levar com ela assim como os de codessoso levaram com o aterro), vamos é discutir o que de bom possamos tirar dela porque o tempo está a passar e qualquer dia estão aí os senhores da EDP e nós vamos continuar a chorar pelo nosso rio aqui no blog em vez de estarmos organizados com ideias e projectos que lhes possamos apresentar.

Sem outro assunto, José Alexandre

Carlos Leite disse...

Caro José Alexandre, antes de mais, agradeço-lhe a partilha de pensamento comigo e com todos os leitores do Blog.

Tambem me parece que a barragem é um dado a considerar no futuro, e se neste texto apresento alguma revolta pelo estado lastimável do rio que se agrava com a albufeira do Torrão e se vai perpetuando, já apresentei aqui tambem algumas soluçoes.
Apresento algumas renitências em relação ao empreendimento, e se por um lado tento compreender o investimento, por outro penso que falta explanar o mesmo á população, com a seriedade que lhe devia estar inerente, pois, depois de consumado é irreversível, alterando todo o microclima e a especificidade da nossa região.

Eu sou de Canedo, e se a barragem não me seduz, por ser um projecto descabido de alguma sustentabilidade, tento perceber de que modo nos devemos mobilizar , e já fui deixando vários apontamentos neste blog, que pode consultar digitando o seguinte endereço

http://pensarbasto.blogspot.com/search/label/barragem%20%20de%20frid%C3%A3o

ou clicando na etiqueta : barragem de Fridão ao fundo do texto.

E já agora e seguindo esse registo, e se me permite , desafio-o a propor tambem essas ideias e propostas para tirar-mos da” desgraça algum proveito”.

Grato pelo tempo dispensado.