sábado, 13 de dezembro de 2008

A cardiopneumologia na sociedade.

Perante o desafio proposto num post anterior, recebemos a resposta de uma futura Cardiopneumologista, que apesar de não ser Bastense se tem dedicado assiduamente a expressar o seu pensamento neste espaço, e que se deixou envolver uma vez mais num desfio para Pensar o País no qual somos parte integrante e afecta, um exemplo bom, que veio de fora, ao qual agradeço desde já a amabilidade e o tempo que nos tem dedicado. A cardiopneumologia na sociedade.

A cardiopneumologia é uma área especifica da saúde que abrange várias áreas sendo as principais a cardiologia, pneumologia e cirurgia cárdiotorácica, e que tem como principal objectivo a prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças cárdio-respiratórias, sendo o nosso principal objectivo a prevenção, através da realização de rastreios e organização jornadas temáticas visando-se com isto a compreensão tanto desta área da saúde como das doenças que a mesma combate. Notamos que por força do elevado sedentarismo e obesidade que se nota na nossa sociedade e com os riscos de saúde que daí advêm, esta área da saúde se afirma cada vez mais o estatuto de imprescindível, quando temos que lidar com problemas que só são eficazes por antecipação aos mesmos, devendo-se insistir no rastreio constante como forma de garantir a saúde desta sociedade. Parecendo-nos que o nosso país ainda peque por ausência de investimento nesta área quando comparado com países, como Alemanha e Reino Unido que estão apostados em garantir um bom sistema de saúde, notando-se ausências significativas de cardiopneumologistas nos hospitais e clínicas, criando-se listas de espera, aumentando-se a probabilidade de pessoas entrar em enfarte, e com falhas cardíacas ou crises asmáticas por falta de técnicos para a imediata realização de exames, que os informem das patologias que os doentes transportam e inconscientemente muitas vezes continuam a alimentar, como os casos de colesterol e hipertensão. E eu questiono-me será que é necessário chegarmos a este ponto, quando na verdade estão pessoas licenciadas para tal no desemprego? Até que ponto é que estamos evoluídos na saúde, se chegamos a um ponto em que um médico de clínica geral não me sabe dizer o que é uma espirometria, exame este, fundamental para o diagnóstico de doenças respiratórias, lançando-se de seguida em experiencias e tentativas com antibiótico e outro tipo de medicamentos, que julgam resolver o problema,(quais cobaias) já que a realização de exames resolveria eficazmente, não sendo requisitada por “se tornar caro e aborrecido, já que agora as consultas se baseiam numa maquina electricamente capaz de resolver todos os nosso problemas, (como auscultação, palpação e percussão), maquina essa que é o computador. Sinceramente depois questionam-se o porquê de o estrangeiro ser mais requisitado, a resposta é fácil e está a vista… Para a nossa saúde evolua, e para que os seus profissionais sejam actores dinamizadores, de uma boa sociedade, tem que lhe ser atribuída uma importância que deve estar desligada em parte do factor económico, pois nem tudo que o estado investe é rentável, mas investe por saber-mos que é essencial, tendo-se que investir na saúde, nos seus profissionais e nos equipamentos precisos. Como dizia Helena Garrido “Só haverá milagres financeiros na saúde quando Portugal se tiver transformado num país do que há de pior no Terceiro mundo”. Portugal não é de todo um pais que se possa orgulhar dos métodos que aplica a nivel da saúde, mas também não dos piores, e o que interessa é continuar esta batalha, de criar novos hospitais, centros de saúde, reorganizar o sistema de saúde de forma a dar mais oportunidade a este tipo de especialidade para que o cardiopneumologista possa exercer a sua função e aplicar aquilo para o qual fomos formados e evitando que outros profissionais, com a sua “Chico-espertice” inventem e remendem soluções de improviso, atribuía-mos assim maior qualidade ao sistema de saúde, criando-se maior interacção entre a Cardiopneumologia e as outras especialidades, que quando desmpenhadas as suas funções por quem tem formação para tal, poderiam transformar-se numa óptima alavanca para um bom sistema de saúde, e consequentemente para uma sociedade saudável. Dever este que nos cabe a todos nós, profissionais de saúde.

Ana Sofia Gonçalves

12 comentários:

Anónimo disse...

Concordo plenamente e subscrevo o que a colega Sofia escreveu.
Os Cardiopneumologistas estão a ter uma participação cada vez mais activa e indispensável na prevenção e diagnóstico das doenças cardio-respiratórias.
Falta só salientar os estudos do sono onde nós cardiopneumologistas temos um papel muito activo no diagnóstico de doenças relacinadas com o sono, sendo a mais conhecida a apneia do sono.

Carlos Leite disse...

Caros Cardiopneumologistas:

uma questão sobre a qual me interrego, depois daquilo que foi publicado aqui, sobre a cardiopneumologia é , se depois de acontecerem os enfartes etc, de que forma é que voces podem continuar a serem uteis a essas pessoas que lhe viram uma bomba de fragmentos rebentar no peito e dificilmente conseguirao apanhar todos os pedaços.
Outra questão, tem a ver com o demprego que tambem a Sofia falou,ao qual eu pergunto, se voces estao certos da utilidade que tem na sociedade porque nao apostam voces mesmos na criaçao do proprio emprego, sei que as maquinas sao muito caras, mas tambem sei que facilmente recuperariam o investimento, pois como disseram cada vez mais, sao uma profissao util á sociedade que se prende a maus vicios para o coraçao.
Nas Terras de Basto os pulmoes poderiam ser sadios, graças ao Verde que aqui impera,mas ainda temos muitas pessoas que fazem deles um exemplar de fumeiro, já o coraçao, parece-me ser muitas vezes vitima da gastronomia de excelencia para o paladar, mas má para todo o resto.

faço aqui tambem o apelo aos comentários de outros profissionais de saude.

Anónimo disse...

caro sergio,
concordo contigo quando dizes que tambem somos muito importantes no estudo do sono, uma vez que podemos detectar doenças durante o sono como a que referiste a apneia do sono. Isto tudo só realça a nossa importância como profissionais de saúde na nossa sociedade.

Obrigada por expressares a tua opinião.

Anónimo disse...

Caro Miguel,

o problema aqui é que nós tecnicos não possuimos autonomia suficiente para criar um emprego só nosso, para tal necessitamos de alguém superior, como um cardiologista ou pneumologista.
Em relação a outra questão, nós somos uteis como já referi na prevenção, diagnóstico e tratamento, logo em casos de enfarte somos uteis no seu tratamento, para prevenir uma recaida, ou possivel falência.

Espero ter conseguido responder as tuas questões.

Carlos Leite disse...

claramente...

obrigado...por participares, e já sabes que este espaço é tambem teu, por isso tens a porta aberta, para publicares aqui os teus pensamentos...obrigado

Anónimo disse...

Olá a todos,
também eu sou Cardiopneumologista e subescrevo tudo o que aqui está.
Carlos: quando o enfarte não é fatal, o doente tem que ser seguido por uma vasta equipa de profissionais de saúde que o orientam (ou tentam) para lhe prolongar a vida e proporcionar a melhor qualidade de vida possível. Os Cardiopneumologistas são parte integrante dessa equipa, quer seja no tratamento (angioplastia, cirurgia de revascularização, etc), quer seja no seguimento da doença que já está instalada (ECGs e provas de esforço de rotina, ecocardiogramas, cintigrafias de perfusão), quer na motivação do doente em seguir as "ordens" à risca, prevenção de reincidência nos factores de risco (tabagismo, hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, sedentarismo) aquando da realização de exames de rotina... etc.
Nós temos uma área de intervenção cada vez mais difusa e por isso, não fosse a "chico-espertice" de alguns, como disse a Sofia, não haveria Técnicos de Cardio no desemprego. Acrescentando ao que já se disse, o estudo dos vasos sanguíneos (angiologia cerebral e periférica) também é uma área importante e pouco explorada pelos cardiopneumologistas. Mas também é verdade o que se disse sobre não sermos completamente autónomos e sermos obrigados a ter sempre a "sombra" de um médico. Mas o importante é não desistir e continuar a lutar. A sorte é necessária em todo o lado mas eu acredito que quem é bom, mais cedo ou mais tarde é valorizado!
Cumprimentos a todos.

Anónimo disse...

Olá a todos,
também eu sou Cardiopneumologista e subescrevo tudo o que aqui está.
Carlos: quando o enfarte não é fatal, o doente tem que ser seguido por uma vasta equipa de profissionais de saúde que o orientam (ou tentam) para lhe prolongar a vida e proporcionar a melhor qualidade de vida possível. Os Cardiopneumologistas são parte integrante dessa equipa, quer seja no tratamento (angioplastia, cirurgia de revascularização, etc), quer seja no seguimento da doença que já está instalada (ECGs e provas de esforço de rotina, ecocardiogramas, cintigrafias de perfusão), quer na motivação do doente em seguir as "ordens" à risca, prevenção de reincidência nos factores de risco (tabagismo, hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, sedentarismo) aquando da realização de exames de rotina... etc.
Nós temos uma área de intervenção cada vez mais difusa e por isso, não fosse a "chico-espertice" de alguns, como disse a Sofia, não haveria Técnicos de Cardio no desemprego. Acrescentando ao que já se disse, o estudo dos vasos sanguíneos (angiologia cerebral e periférica) também é uma área importante e pouco explorada pelos cardiopneumologistas. Mas também é verdade o que se disse sobre não sermos completamente autónomos e sermos obrigados a ter sempre a "sombra" de um médico. Mas o importante é não desistir e continuar a lutar. A sorte é necessária em todo o lado mas eu acredito que quem é bom, mais cedo ou mais tarde é valorizado!
Cumprimentos a todos.

Carlos Leite disse...

Olá Carina...
Bem vinda a este espaço, e obrigado pela sua explanação esclarecedora, mas como acontece muitas vezes nestas situações, umas encadeiam as outras.
até que ponto a supervisão, ou a sombra do médico como fala pode ser má para o exercício da vossa profissão de cardiopneumologistas, e essa sombra dos médicos vos ofusca ou apenas protegem...será que é impossível a complementaridade?

Obrigado

Anónimo disse...

Talvez eu tenha transmitido uma ideia errada. Só agora, ao rever o meu texto, é que me apercebi da conotação negativa implícita na palavra "sombra". Não foi com essa intenção. Eu acho essencial a presença do Médico Cardiologista (por exemplo) nalgumas situações. Não só é protectora como é esclarecedora. Pois, embora eu considere o curso de Cardiopneumologia muito interessante, e como disse, muito abrangente, tal traz pelo menos um inconveniente: há áreas em que não somos tão especializados como deveríamos. Por exemplo, a auscultação cardíaca não é ensinada a Cardiopneumologista algum (que eu tenha conhecimento) e é algo crucial nalgumas situações. Quem quiser tem que aprender com um Cardiologista. Eu defendo que haja complementaridade entre as profissões. Sem dúvida.

Carlos Leite disse...

esclarecido...

Anónimo disse...

Olá, estou a terminar o secundário e gostaria de seguir cardiopneumologia, no entanto estou consciente dos elevados índices de desemprego existentes em Portugal, para além de ser uma área em que simplesmente não existe progressão na carreira. Será que me podiam esclarecer melhor sobre a actual situação dos cardiopneumologistas no nosso país?

Anónimo disse...

Sim eu tambem gostaria de saber mais acerca dos indices de desemprego em Portugal. Sera que poderiam esclarecer a situaçao dos cardiopneumologistas em Portugal?