sábado, 25 de abril de 2009

Liberdade só em dias marcados

Hoje em jeito de comemoração da revolução dos cravos, vou escrever o que me vai na alma acerca da democracia que se afigurou neste país, e como não há censura, espero que não se crie azia no estômago de ninguém, pela minha e nossa liberdade.
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Os libertadores de Abril sonharam um país livre e democrático, onde as pessoas poderiam manifestar a sua opinião sem censura, mas também sem represálias. E por isso lutaram e arriscaram,pois sonhavam um país melhor.
Se alguns objectivos foram conseguidos outros precisam de mais empenho para serem realidades, pois não passam ainda de uma miragem, parecendo que se vive hoje cada vez mais apenas um feriado nacional e não Abril como um exemplo de coragem e de valores basilares á liberdade.
Pois este é ainda um país livre mas, com pressões sobre magistrados, e corrupção com os índices mais elevados do mundo, e em que se admite em plena assembleia da republica haver medo que os cargos destinados aos filhos dos deputados e apoiantes dos partidos(pensei que fossem atribuídos dessa forma mas por mérito) se as pessoas manifestarem uma opinião discordante da dos lideres. Um país onde ainda vimos policias (querendo fazer o papel de nova PIDE) entrarem em escolasou em sindicatos nas vésperas de manifestações, fazendo parecer que esta liberdade alcançada incomoda, mas ao mesmo tempo que ser festejada,para parecer que não sendo como um cavalo de Tróia que é preciso louvar para que todo o resto se possa esconder no seu interior.
Um país onde a censura foi substituída por pressões sobre os jornalistas, ou processos disparados em direcção de tudo e todos com voz discordante, com o alto patrocínio do Estado,para que se cale vozes discordantes livres.
Festejar Abril onde a vida é complicada, por autenticas perseguições a quem tem simpatia por cores partidárias distintas, ou ouse discutir as decisões e projectos políticos(pilar básico dos direitos e deveres de cidadania) não passa de um acto irónico. Sinceramente penso que a revolução dos Cravos foi uma viragem importante, mas penso que o espirito de Abril se foi diluindo pelo tempo e deturpando-se por interesses, que se soubessemos que se iriam afigurar teriam agido de outra forma naquela altura.
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É preciso continuar a cantar e lutar por Abril, ainda há muito trabalho a fazer para louvar a coragem e ousadia dos capitães de Abril, mas não falo em festas pomposas nem transmissões televisivas, mas tão só no tratamento desta democracia que tem tanto de doente como de abstinente.
Parafraseando Martin L. King ,o que me preocupa não são as acções dos maus, mas o silêncio dos bons.

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