segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

PORTAS para o desenvolvimento rural/ urbano

Depois de adiada por motivos de intempérie e sucessiva falha prolongada de energia electrica, a 24ª conferencia politicas de futuro, "o desenvolvimento nos meios Rurais/ urbanos", realizou-se na passada sexta, com a presença do conceituado Arquitecto Urbanista Nuno Portas.
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Uma conferencia que se esperava por uma incisão maior nas especificidades locais, mas cujo o seu desenvolvimento acabou muito por se generalizar no caso e na especificidade de território com uma ocupação difusa do solo que caracteriza o Minho. Falando-se muito do conceito de rurbanidade (mistura entre urbano e rural). Criando espaços entre cidades ou entre urbanos cuja a distancia entre eles é cada vez mais medido em função do tempo que os separa em detrimento da distancia em Km.
O arquitecto continuou referindo que os espaços urbanos, não se devem a limitar a desenvolver e a atrair para a região os vulgares kits( referindo-se ao conjunto de equipamentos por vezes supérfluos que se pedem aos governos) , para passar a desenvolver as regiões com base em especificidades, desenvolvendo uma competitividade baseada na diferença, e utilizando equipamentos numa rede intermunicipal. Referindo a necessidade de por exemplo a região de Basto se desenvolver em rede, tendo um município uma excelente piscina, outro um importante complexo á cultura e intercambiando esses serviços entre eles, viver mais numa espécie de complementaridade.

Outra das questões abordadas foi a do grave problema que uma terra tem quando vê os seus jovens a abandonar a terra por fome ou por falta de emprego. Ao que eu acrescento a atenção que se deve ter a esta classe que cada vez mais sai das escolas com um nível de formação mais avançada, devendo-se a meu ver apostar na investigação através da fixação de centros tecnológicos e nas incubadoras de empresas, para se ambicionar fixar aqui nesta terra a curto prazo a cadeia completa de produção das nossas especificidades, e fazer das terras de Basto uma BOMBA DE CRIAÇAO MASSIVA .

Devemos produzir segundo o orador uma oferta cultural para os habitantes, e os turistas virão por acréscimo, sendo evidente aqui a apologia uma vez mais às especificidades da cultura local. Citando que o turismo é caracterizado por ser mais selectivo e decidido mais individualmente e cada vez menos em romarias de autocarros.

Sugestões apontadas:

Os núcleos urbanos não se devem estender mais, mas sim ligar as partes existentes. Fazer o melhor das vilas e não crescer as ditas superfícies urbanas. Os equipamentos devem estar o mais distribuídos possíveis por todo o concelho, concentra-los na sede pode ser mau e desequilibrador para o desenvolvimento global, utilizando uma lógica de ligação em rede. Colmatar as vias transformando-as em ruas, melhorando o espaço publico humanizando-o plantando arvores e fazer bons passeios e zonas de estar. Semear a industria de forma a separar aquela associada à transformação em massa e mais poluente, e que requer o movimento de veículos de grande porte, concentrando-as em parques industriais, ao contrario das industrias criativas que se devem misturar cada vez mais com o resto da cidade, criando-se uma mescla saudável. Criar actividades para os jovens que são os primeiros a abandonar. Falou-se também do futuro a dar ás nossas aldeias isoladas, sugerindo o arquitecto soluções inovadoras e que dever sair da cabeça dos locais, apontando sugestões de aldeias lar, e de colónias de ferias, ou ainda a museificaçao das mesmas. Nuno Portas em conclusão final, e quando confrontado pelo presidente da Câmara sobre a forma como lidava, com a diferença partidária que reina na sua família,(é pai de Paulo e MiguelPortas) respondeu brilhantemente, evidenciando a capacidade cívica que todos devemos ter e de viver e conviver amistosamente com a diferença.

1 comentário:

Nuno Ferreira disse...

Caro Miguel, partilho contigo todas as ideias do teu discurso, não fossemos ambos discípulos dos mesmos mestres, nestas matérias.
Antes de tudo começo por dar ênfase às iniciativas do município de Cabeceiras de basto, neste âmbito, que mostra interesse ao procurar as opiniões de teóricos e técnicos das diferentes áreas, em busca de respostas para um desenvolvimento mais capaz para a região.
O arquitecto Nuno Portas teve um contributo importante nesta matéria. Se por um lado na sua intervenção teve um discurso abrangente, generalizando um pouco a situação desta região ao restante país, talvez porque a própria realidade nacional seja semelhante, não deixou de ser pertinente para a região. É um discurso que já vem defendendo noutros contextos, mesmo ao nível das cidades.
A nossa região, segundo a sua perspectiva, pode ser caracterizada como um território “Rurbano”, na medida em que apesar da distância em Kms dos grandes centros urbanos, ainda faz parte dessa “Cidade extensiva” que é o litoral norte, uma vez que a distância é colmatada em pouco tempo, sendo a região de basto uma das pontas dessa grande cidade.
Mas apesar disso, é evidente a diferença, e a perca sobretudo em capital humano (que é tudo) para o litoral propriamente dito. A forma de colmatar essa diferença passa efectivamente pela criação de uma estratégia de força, que valorize toda uma região. Isso passa por criar uma estratégia de desenvolvimento local ou regional em rede, sendo constituída por polaridades que se articulam e complementam. Essa é uma visão pertinente para a região de Basto ou para todo o vale do Tâmega, e claro para qualquer outra região dos pais e do mundo. Numa altura em que se verificam disputas entre municípios vizinhos, pela atracção dos mesmos investimentos, é necessário repensar essa posição, e apostar sim na parceria de toda uma região que certamente só crescera para não falar em sobreviver, se pensarem em conjunto, e olharem sob uma mesma visão regional. É cada vez menos importante a dimensão do município, mas antes a distância e a posição na rede multipolar, como defende Nuno Portas.
Uma região fortalecida certamente oferecerá mais oportunidades à sua população, e combaterá o grande drama das regiões do interior, que é a perda da mão-de-obra jovem por falta de oportunidades! No fundo tudo isto não passa de um axioma: uma região fortalecida, económica e culturalmente capta investimentos, havendo investimentos oferece oportunidades e fixa a sua população, e atrai novos habitantes ou visitantes. Mas penso que é necessária essa visão estratégica que ainda passa ao lado dos nossos governantes locais. “I have a dream.”
Um abraço!