terça-feira, 30 de setembro de 2008

...Para Basto mais que uma biblioteca de AlexandriaII

e se pensarmos numa estratégia para soltar o conhecimento presente na biblioteca para as nossas gentes,e assim ambicionarmos um futuro nicho de conhecimento nas Terras de Basto. O historiador José Hermano Saraiva, á cerca de 8 anos atrás, aquando da sua passagem por esta terra disse: - " noto ao falar com a malta mais jovem, que temos aqui um viveiro de gente inteligente." O ranking de escolas no último ano também notou, ficando no lugar 199 enquanto as escolas de Mondim no 241 e Cabeceiras ficou no 444. A escola EB 2 e3 / S de Celorico de Basto tem subido a passos largos no ranking de escolas, ocupando neste ultimo ano lugares bem mais confortáveis que os concelhos vizinhos. E no actual ano lectivo conseguiu-se resultados acima da média nacional. Não será isto também reflexo das condições trazidas pela biblioteca que está mesmo ao lado? Pela minha adversão ás medias, que pouco reflectem em matéria de progresso, não estranharia se tal estivesse dissociado. E como disse no post anterior os conteúdos das duas partes não se ligam. O diamante continua em bruto… Temos condições para pensar o presente que prepare um futuro risonho. Esta biblioteca poderia ser aproveitada como plataforma de lançamento de pensadores e investigadores para voos mais altos e ambiciosos, como a arquitectura na imagem sugere.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

…Para Basto mais que uma biblioteca de Alexandria I

A biblioteca Marcelo Rebelo de Sousa está inserida numa antiga casa solarenga na quinta de S. Silvestre, perto da nova câmara municipal de Celorico de Basto , e foi a meu ver bem recuperada pela dupla de arquitectos, Carlos Guimarães e Luís Soares Carneiro, especialistas em museus, mas que não se descuidaram no caso da Biblioteca, merecendo-lhe o empenho, a confiança da autarquia para toda uma série de bons projectos na sua envolvente, desde a Câmara Municipal ao Arquivo Documental que ousa desafiar Newton e as suas leis, como a dos observadores mais conservadores ou temerosos que juram até hoje que “aquilo vai cair, e nem mortos vão lá dentro”:-) É digna de visita.
Mais que aos arquitectos pelo seu bom trabalho, Celorico tem muito a agradecer a Marcelo Rebelo de Sousa, por preferir a nossa, e também sua, terra para deixar por aqui o seu acervo documental, muitas raridades com enorme valor. E mais, este professor universitário e comentador politico continua a investir muito para comprar eventuais documentos que sejam pedidos pela biblioteca, e não se limita, como muitos pensam, a entregar os livros que as editoras lhe oferecem, com o intuito da promoção dos mesmos. O arquivo documental possui ,desde os melhores livros jurídicos, a preciosidades da família Rebelo de Sousa, que todas as semanas recebe copiosas actualizações tornando esta biblioteca municipal mais actual do país, juntando-lhe ainda um estatuto de um dos maiores arquivos jurídicos.

Sou leitor assíduo desta instância de conhecimento, e estou seguro que não seria o mesmo sem ela, e só utilizei até hoje cerca de 0,2% dos cerca de 150 000 documentos que este equipamento possui, (80 000 livros) uma enormidade podem muitos pensar, mas eu acho que é uma aposta de um visionário, que ainda não teve o devido reconhecimento pelas suas gentes, mas que bem aproveitada e dinamizada, no futuro poderá fazer muita dferença. Existem documentos em Celorico que dificilmente encontramos em outras bibliotecas da mesma ordem pelo país.

A biblioteca tem um pólo na vila de Gandarela de basto e estão planeados mais dois, um na Vila de Fermil e outro em Fervença, uma aposta que mais uma vez me parece isolado dentro do concelho, que bom seria, uma rede espalhada pelas Terras de Basto e depois da biblioteca ambicionarem outras instituições também voltadas para o conhecimento. Mas ainda não se descobriu um rumo para a Região, para se saber em que se deveria especificar, e mesmo as temáticas em que a biblioteca se poderia aprofundar. Noto que está aqui, mais um diamante em bruto que falta explorar, e as escolas que a circundam, não lhe conseguem dar a devida utilização, pois a maioria dos livros são muito adultos e avançados nas matérias abordadas, para a maioria dos leitores que são das escolas até ao 9º ano, atingindo também o secundário. Fazendo isto com que o conhecimento da biblioteca continue preso dentro das muitas capas dos livros que nunca foram abertas. É preciso uma maior dinâmica para esta biblioteca, que poderia muito bem ser dada com centros de investigação, apontados na sua envolvente, ou de forma bem pensada para o futuro a longo prazo, uma escola superior, que traria consigo uma maior procura e uma maior necessidade de eventos temáticos. Para agora e a curtíssimo prazo gostaria de ver criada, uma, tão fácil, pagina na internet exclusivamente dedicada à biblioteca, em que qualquer leitor poderia ter informações precisas sobre os documentos presentes na mesma, e os seus conteúdos, parciais ou totais dependendo dos direitos de autor e do tipo de documento, para consulta on-line ,e num esforço titânico poderíamos pensar também na digitalização de todo o acervo, para fazer parte da mesma lista. Celorico poderia assim mostrar ao mundo, uma das suas tão nobres preciosidades, e ficaria muito bem visto, de certeza e seria um exemplo a seguir por muitas outras instituições com o mesmo carácter. Sejamos pioneiros em algo que nos orgulhe.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

da globalização à aposta no conhecimento

O desenvolvimento tecnológico que caracteriza as últimas décadas de progresso económico das sociedades ocidentais transformou a cidade e regiões , outrora baseados na industria, em territórios da informação e do conhecimento. Fruto do desenvolvimento tecnológico e das redes de telecomunicações, a economia globalizou-se e o conceito de espaço alterou-se. As cidades e os territórios adquirem uma nova dimensão intangível com base nos indivíduos, nas novas tecnologias de informação e comunicação, na aprendizagem colectiva e cumulativa e na emergência duma nova economia baseada no conhecimento. Na actualidade, vivemos um novo paradigma para os territórios assente no conhecimento, na aprendizagem e nas novas tecnologias. As cidades e regiões enquadram-se numa lógica de competitividade à escala global, somente suportada pelas plataformas digitais. Assim, o sistema virtual de inovação/conhecimento tem o objectivo de facilitar as interacções entre os agentes de desenvolvimento no território, no espaço real. Da relação entre os sistemas de conhecimento real e virtual surge o conceito de território inteligente. Para este posicionamento é indispensável para as regiões a organização em rede das plataformas existentes, bibliotecas rede de ensino, e centros de inovação e desenvolvimento. Os territórios que tendem a ganhar competitividade têm que se posicionar e apostar em ferramentas e equipamentos que produzem conhecimento, senão estão fora de uma competitividade e cooperação a nível global… Este texto foi produzido com base num tema que venho a investigar cientificamente, para a produção de dissertação de mestrado cujo o tema é a "recuperação e revitalização das cidades e regiões apostando no conhecimento."
Minha gente ou este texto é um barrete, ou então há uma região que me parece estar a ficar fora do jogo…. vamos trabalhar para que não, as cidades e regiões sao construidas segundo directivas diferentes daquelas á 20 anos atrás. vamos construir basto a pensar no futuro abraçando o conhecimento...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

uma região deprimida e subsidio-dependente?

Não sei o que se passa nesta terra, não sei se passaram para o povo a mensagem de que não é preciso trabalhar para ganhar dinheiro e atribuir dinamismo a toda a a nossa terra, porque existe a “casa grande” que paga um mínimo, 426,5€, ao qual se juntar-mos uns dias ganhos, a quem precisa de quem trabalhe, passa a ser um salário máximo, e sem grandes esforços. E quem trabalha com esforço ainda é dado á troça, por alguns. Comentam alguns – “isto está minado, habituaram-se a não fazer nada,e agora… " na minha terra já cheguei a notar partes em que cerca de 80% das famílias que não trabalham, que até a uns anos atrás eram a minha companhia numa rotina matinal das 7 horas da manha e já não me acompanham, para acompanhar uma rotina que agora é a daqueles que dependem de tudo para não fazerem nada, e sinto ao falar com algumas destas pessoas, que já não se sentem nem com a genica de outrora nem incluídos socialmente … O que se está a fazer nesta terra, para contrariar este flagelo social, que leva a que uma região que o pouco que produzia está a deixar de produzir. Talvez o rumo determinado para a região são outros, em que se estão a criar novos empregos, mas isso de nada nos vales se não mantivermos os que já existem. Acho que deveríamos repensar as nossas politicas de modo a dar um estimulo a esta região e fazer com que toda a gente seja parte integrante, vamos determinar um rumo, e pensar a mensagem a todos os actores produtores e a todas as gentes para que todos possam contribuir para esse objectivo… continua-me a parecer que não existe uma boa comunicação entre todas as partes para saber que objectivos se pretendem, ou será que alem dos objectivos traçados nos folhetos eleitorais não existem outros mais fortes e sólidos, para se pensar e só possíveis de conseguir a longo prazo.Vamos pensar Basto como um todo e lançar estratégias conjuntas para todos os municípios integrantes, vamos renascer e região, que só tem peso decisivo se for pensada em conjunto. Vamos investir no saber e na formação séria, vamos produzir conhecimento para a especificidade das nossas terras, para se conseguir objectivos sólidos, vamos pensar o turismo a agricultura e a floresta. A Escola Profissional e Agrícola de Fermil de Basto poderia ter uma dinâmica mais presente neste sentido, pois há uns anos que tem formado gente nestas áreas, mas que não conheço muitos que tem dado contributos neste sentido.Será ambicioso de mais, pedir para a Região de Basto unida em objectivos, mais que escolas, e apostar em instituições de saber com mais peso? Se tivermos gente bem formada a trabalhar em prol dos objectivos da terra de certeza que daqui a uns curtos anos teremos bons resultados e sentiremos uma nova dinâmica por cá. É preciso apostar nesta parte. Basto tem muito boa gente a sair, bem formada, das melhores universidades do país, e quantos é que ficam por cá? Desculpem-me alguma acutilância mas, é em nome e honra de Basto que pretendo ver dinamico e inclusivo.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O outro lado da barragem de Fridão

A construção da Barragem de Fridão é um dos temas que merece muita atenção e debate na nossa região, pois é talvez a construção que mais impacto terá sobre as nossas terras. A nível ambiental, económico turístico etc..
Parece que a obra vai mesmo avançar, a EDP já ganhou o concurso para adjudicação da obra, que o Governo, maioritariamente eleito por todos os portugueses, definiu como estratégia para libertar Portugal da dependência energética externa. Assim sendo resta-nos começarmos a pensar em estratégias para aproveitar as potencialidades que a albufeira criada pela construção da barragem, pode trazer para a região. O impacto que a barragem de Fridão terá sobre as Terras de Basto parece-me menos grave que o caso da subida da albufeira da barragem de Torrão e sobretudo o seu impacto sobre a consolidada cidade ribeirinha de Amarante. Que vive muito da relação do rio com o seu património histórico, e a possível eutrofização das aguas paradas pela barragem que só mostra que muitos dos vizinhos do Tâmega só utilizam o rio apenas no seu potencial de conduta de águas negras. Este grande problema , para mim dos mais graves, leva a que todos os habitantes e actores promotores, se manifestem contra o triste papel atribuído ao rio, e fazer o tudo por tudo para que, o também possível lago de aguas pestilentas, se torne num dos muitos lagos artificiais donde se tiram grandes proveitos para o desenvolvimento da região ,á imagem da albufeira do Azibo ,em Macedo de Cavaleiros, Alqueva embora o nosso será numa escala mais reduzida, o “Alster” em Hamburgo, se no caso de Mondim optar também por urbanizar parte do lago . E assim poderemos, a meu ver , ancorar a este lago várias valências turísticas, e não só. Não é só "pelo novo riquismo das motas de água e iates" mas por uma conjugação de dois factores muito apetecíveis pelo turismo, a montanha e a água. Parece-me que as autoridades publicas estão a fazer muito pouco, por antecipação ao grande lago, (mas não sei se algumas ETAR´S que se esboçam pela nossa terra surjam por antecipação á mesma).
Ao contrario vários sectores privados tem-se revelado mais atentos, como é o caso do Mondim aguas hotel, que surgiu por antecipação da barragem, e já conseguiu fixar junto a ele uma marina, e também muitos outros investidores, que compraram muitos terrenos, junto aos limites da futura albufeira, que até então nunca tinham manifestado interesse nem por parte dos próprios donos. Notando-se já antes da construção da barragem uma nova dinâmica económica , que até então, não tinha surgido pelos nossos lados. Outra das vantagens trazidas pela barragem é a navegabilidade do Tâmega, levando a que a empresa douro azul, já tenha manifestado interesse na sua exploração. Acho evidente que todos preferíamos, que com a natureza imaculada que temos, tivéssemos capacidade de desenvolver todas as potencialidades acima citadas, mas infelizmente não me parece. A barragem sozinha só produz energia, o resto tem que ser a inteligência e o espírito dinâmico das nossas gentes a explorar. Se continuarmos com uma contestação muito negativista, nunca iremos perceber as potencialidades que estarão por detrás das mesmas.
Como se diz por Basto” temos que ser guichos”

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Pensou-se o País. Agora vamos pensar Basto

A rtp transmitiu, como introdução a nova época dos prós e contras, um debate onde se pensou o país, na minha opinião valeu a pena. Os convidados apontaram que o futuro de Portugal passa por perceber o papel que deve desempenhar num mundo globalizado organizado em rede, apontando ao mesmo tempo que a crise que enfrentamos tem a ver com a fase de transição entre épocas, que nos encontramos. Em que a politica ainda não se conseguiu articular com o sistema económico vigente. Segundo o painel, Portugal não sabe alem, da sua função a nível do mundo , dos papeis que tem que se desenvolver a nível interno para se saber posicionar . O papel que a educação ocupa, em que não se comunica de forma correcta com as famílias e com a sociedade ,sobre o papel das escolas na educação dos seus descendentes . E que se deve fazer uma aposta a nível sociológico, para passar esta mensagem, pois o ambiente em que as pessoas vivem é que faz valorizar ou não, daquilo que se aprende.
O futuro
"O futuro passa claramente pelo conhecimento". referiu Adriano Moreira, pensamento reforçado pelos outros convidados. Portugal tem que continuar a investir em conhecimento em universidades em inovação em investigação, para se conseguir demarcar e ao mesmo tempo ganhar espaço na economia globalizada, onde a cooperação com os países lusófonos parece aparecer como solução, para o nosso fraco desenvolvimento. Se Portugal fizer uma maior aposta no conhecimento consegue uma aceitação maior por parte destes países e ao mesmo tempo uma complementaridade nas funções desempenhadas, Portugal deve desenvolver-se de forma a tornar-se a porta de entrada de países como o Brasil e Angola na Europa. Temos que recuperar um papel que já tivemos mas agora temos que o conseguir de forma diferente. Se não viu o debate, pode ver AQUI. Pensar Basto
Para as nossas terras os problemas são os mesmos, uma vez que vivemos numa sociedade aberta e em rede, temos que perceber qual o nó da rede que somos, não podemos é ficar fora da rede. Isto funciona como fractais, em que de forma como se aumenta o zoom, aparecem novas redes dentro da macro rede. Vamos apostar no conhecimento, já falei aqui em iHub e em laboratórios vivos (living Labs), estes últimos mais apropriados pela escala e infra-estruturas presentes nas nossas terras, vamos investigar naquilo que podemos inovar a nível de turismo, agricultura e ambiente. Vamos desenterrar o tesouro que está escondido nas nossas terras e lapidar os seus diamantes, temos que qualificar as nossas gentes, e aproveitar os fundos europeus para a formação, como ferramenta para traçar o caminho que pretendemos. As formações que tem desenvolvido devem continuar , numa lógica mais aprofundada, e ambicionar sobretudo produzir conhecimento nas nossas terras, que poderia ser “exportado” com o rotulo made in Basto, e acreditem que não há melhor rotulo de divulgação para o que pretende ser uma boa terra para se viver.
Penso que esta aposta traria para as terras de basto um espírito mais empreendedor , e iria criar sobretudo um estimulo na aposta de formação empresarial, que teria inovação ao seu lado para vingar no mercado. Para isso é preciso criar plataformas de apoio á concepção das empresas, como as incubadoras de empresas apoiadas por uma estratégia definida a nível concelhio, ou regional onde se poderia dar apoio aos nossos parques industriais e empresariais.
“O local onde haja mão de obra barata, e recursos humanos especializados será a escolha natural para a fixação de empresas.” Thomas Friedman no livro “O mundo é Plano”.
Será que não há por aqui pensadores que me acompanhem nesta cruzada? Vamos comentar para conjuntamente, e mais solidamente, pensarmos basto. Vejam, leiam, ouçam mas sobretudo pensem…e expressem o pensamento.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

VERDE BASTO

Nasceu hoje em Celorico, junto á Cooperativa de Basto uma boa estratégia e oportunidade de desenvolvimento para os produtores agrícolas e florestais da região, já tinha debatido com pessoas próximas uma solução deste tipo, como estratégia para preservar alem da produção, o saber fazer, que entendo que ainda distingue os nossos agricultores e pessoas a eles associados, porque daqui a uns anos a implementação poderá ser difícil, porque aqueles que sabem produzir com a qualidade e tradição característicos destas terras, estão a sair do activo principalmente pela sua idade. A empresa Verde Basto surge como uma implementação pioneira em Portugal do Conselho Local de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Celorico de Basto e que agrega quinze entidades, que pretende tornar-se numa plataforma de apoio para aos produtores locais a ultrapassar as dificuldades que surgem no processo que vai desde a produção até á comercialização, como também a elaboração planos de negócio de certificações. A ideia parece-me interessante e muito bem concebida tendo em conta as necessidades da região, e as suas potencialidades, no entanto acho muito importante, apostar também na inovação como factor intrínseco a este projecto, e um esforço titânico na publicidade desta estratégia, para que tenha uma recepção maior por parte dos produtores locais, e espero que ninguém seja excluído desse círculo, incentivem os produtores a tornarem os seus produtos competitivos, e informa-los dos apoios existentes para melhorarem a produção, lembrem-se que as pessoas deste ramo podem olhar com receio para uma eventual mudança, pedindo-se assim um esforço redobrado na hora de chamar a esta iniciativa o numero máximo de produtores, para que se crie uma marca forte e digna de encher prateleiras das lojas e hipermercados, uma fileira da qualidade com tradição. Espero que haja também uma abertura a todas as outras regiões de Basto quer desta empresa, ou na cooperação com outras cooperativas da região, pois as necessidades dos produtores são muito semelhantes. Não deixem esta iniciativa descarrilar e apliquem-na de forma a obter bons resultados, força e um bem haja a esta iniciativa.

sábado, 13 de setembro de 2008

a coisa tão rica...

O grande mosteiro de S. Miguel de Refojos, è de longe a maior pérola do nosso património arquitectónico, é um daqueles espaços com capacidade de ancorar a ele toda a envolvente, a escala com que foi construído tinha essa função , e também a de se fazer apreciar, e seduzir qualquer humano que o observa. Penso que a história que nos é contada está desprovida da beleza e sensibilidade da arte que o conceberam, dizendo apenas quem fez e quem mandou fazer, os factos trágicos que o marcaram, não revelando mais nada alem daquilo que os olhos vêem ,mas continuando a esconder os conceitos bases desta criação, que determinavam que o edifício tivesse a configuração que tem e as razões da escolha dos materiais, e também da implantação do edifício neste local. Em primeiro lugar parece-nos importante inserir a obra e o pensamento religioso que lhe esta adjacente e no contexto histórico cultural. Temos que perceber que a igreja naquela altura numa estratégia de recuperação dos fieis perdidos pela contestação da Reforma Protestante, reuniu-se no concilio de Trento, para a determinação das directivas a adoptar pela igreja. Onde estabeleceu a adopção do estilo barroco, com todo o conteúdo que lhe está adjacente ,como o estilo artístico oficial a adoptar, desde a arquitectura, pintura, musica etc. Determinando -se também um seccionamento do espaço dentro das igrejas, notando-se claramente a estratificação social da época, por isso é que ainda vimos hoje de forma clara a divisão do altar onde estaria o clero, a nobreza no transepto e o povo no fundo da igreja. como o tipo de planta adoptar, em cruz latina etc. A sua localização foi determinada pelo facto de na época o local ser pouco habitado, e dono de uma beleza bucólica que ainda hoje é notória, ideal para o retiro da vocação religiosa que tinha que estar ligada aos mosteiros, deriva do latim monos + asterium , lugar só ) outra das razões seria a presença próxima de agua, que por simbolismo está presente na eucaristia, e também como fonte para toda a vida e trabalhos do mosteiro.
Os materiais petreos do exterior contrastam com a talha dourada no seu interior, querendo-se enfatizar o interior em relação ao exterior, aludindo à importância dada ao interior do corpo( parte espiritual) e o desprezo pelo exterior do corpo, (parte material). Por isso os materiais que se alteram com o passar do tempo, e que estão sujeitos a ele, estão no exterior, enquanto no interior mais a talha dourada, e como o tempo não se faz passar pelo espírito, associaram ao ouro grandes potencialidades simbólicas , e segundo o pensamento da época o ouro é o mais precioso dos metais, uma substancia pura cujas qualidades físicas o tornam especialmente dotado para resistir á acção do tempo: é incombustível, não cria ferrugem, não tem cheiro nem sabor, dando por isso ao fiel uma antevisão do próprio céu do qual o altar pela sua ostentação se oferece como porta principal para a eternidade. O altar mor é da autoria de Frei José Vilaça discípulo de André Soares (arquitecto da fachada) e toda a riqueza da decoração deste , provem do horror ao vazio demonstrado pelo estilo barroco no qual se nota já formas do rocócó . onde o frei alia á simetria e ao rigor formas orgânicas e naturalistas, na tentativa de exultar toda a natureza. O espaço do mosteiro é caracterizado pela dinâmica pelo seu aceleramento, por isso se nota a conjugação da recta com a curva, lado a lado, e a circunferência utilizada nas cúpulas até ao afirmar do estilo barroco ,foi substituída pela elipse, pois keppler fez a descoberta que o movimento dos planetas em volta do sol era elíptico e não circular, influenciando esta perspectiva cientifica todo o espírito artístico da época. Assim a luz pelo forma como é controlada empresta também ao espaço, sensações de surpresa ao próprio espaço e também á forma de observação da obra de arte, ao não se iluminar todos os espaços os arquitectos da altura pretendiam criar cenários de contraste entre as partes, dando um ar dramático e de surpresa, pois pretendiam envolver o fiel num cenário criado onde as figuras já não tem a função de estabelecer ligações com o divino mas principalmente de causar sensações sobre os fieis, por isso é que é fácil de observar por todo o mosteiro, figuras fantasmagóricas que parecem tiradas do imaginário medieval, e também com expressões que reflectem bem o espírito barroco na captação instantânea de uma acção violenta que resulta na expressão dramática, de reparar por exemplo na expressão do rosto de Jesus Cristo. Os órgãos são essenciais ao esplendor litúrgico da época e apresentam duplo interesse: como instrumento musical e como obra de talha. Estes da autoria de António Solla,estão colocados nas paredes laterais junto ao coro, um deles é mudo e existe como equilíbrio simétrico. E o outro também não toca mas pela boa acção da autarquia, em parceria com outras entidades vai voltar a tocar. De notar nos órgãos o sacrifício que se dá ao demónio de o estar a carregar eternamente, este papel tem a ver com o domínio que S. Miguel sempre teve sobre o mesmo. Este tesouro não é digno de ter reforçada a sua centralidade turística nesta terra? Não mereceria uma envolvente que lhe desse mais respeito? Como vêem a arte que nele mora não se resume em pedras, madeira e ouro, mas numa força artística e simbólica que aos tempos de hoje pode não ter a força de outrora, mas deveria continuar a merecer pelo menos uma nota retributiva daquilo que ele continua a dar á nossa terra.
Que politicas de futuro(nome do ciclo de conferencias) a câmara tem adoptado com base nas excelentes observações que o Frei Geraldo Coelho Dias referenciou na conferencia “Valorização do Património Religioso de Cabeceiras de Basto”.
Não seria mais correcto adoptar uma estratégia de valorização do património arquitectónico e cultural( isto engloba o mosteiro) de forma a conseguir recuperar também os solares que se estão a perder na nossa terra, e aliar toda esta rede patrimonial como locomotiva para o turismo da região?
um aparte: (Ouvir Bach dentro do mosteiro foi uma das boas experiencias que tive, o conjunto é de uma beleza impar, e consegui perceber todo aquele espirito da época em que o mosteiro foi construido, fazendo-me pensar na altura que tinha inventado uma maquina do tempo bem melhor que as de H. G. Wells e que o mosteiro seria a realidade mais próxima do" De Lorean" da série "regresso ao futuro".... - Oh arte, o que me fazes!!!).

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Carta para o comércio local

. Têm -me lançado um desafio de análise do impacto que poderia ter um hipermercado com centro comercial pelas nossas terras, ao qual tenho respondido com cautela, pois vejo nesse tipo de infra-estrutura, uma boa oportunidade de negócio mas também algumas ameaças, nomeadamente ao comércio local e aos produtores, se não houver um planeamento de estratégias para se adaptarem aos novos desafios. Uma das formas das atitudes a criar por parte do comercio local é o desenvolvimento próprio. Outra é tentar perceber em que perdem e no que ganham comparando com os shoppings. Evoluam e comecem a agir por antecipação, e comecem já por mudar o nome utilizado, a marca “comercio tradicional” está a meu ver mais que gasta e cheira a mofo , o nome shopping continua a ter uma sonância mais marcante no ouvido do consumidor, nos shoppings o marketing joga com sensações, criando uma plasticidade e artificialidade que levam a que o consumidor associe a eles um sentimento de alegria juntamente ao acto de compra. Como vêem os shoppings trabalham com ferramentas que o “comércio tradicional” da forma como está organizado não consegue suportar. Uma das ferramentas é o marketing, e é das mais ferozes, a escala o conforto, a flexibilidade de horários e dos contractos do seu pessoal é outro. Outra das questões que joga a favor dos shoppings é o facto de estes estudarem á minúcia as fragilidades do comercio tradicional e utiliza-las em seu favor. Não vejo um sentimento recíproco por parte do comércio tradicional. Por isso lanço o apelo ao comercio tradicional, principalmente ao das Terras de Basto, para que comecem a estudar minuciosamente também as fragilidades dos shoppings, e tentem perceber se é possível competir com eles. Primeiro flexibilem mais os horários e depois aliem-se conjuntamente em associações de comércio em que se determine estratégias globais para cada área, para cada ramo do comércio etc. Aliem-se e cooperem conjuntamente. Pensem em estratégias de futuro, pensem no comercio online, em que depois as entregas poderiam ser feitas pelo mesmo veiculo, comprado em conjunto, que uma hora pertencia á loja A, depois a loja B e assim consecutivamente. Lembrem-se também que enquanto o shopings tem a artificialidade vocês tem a história e a memória das ruas, que eles de certo modo tentam reproduzir mas sempre em vão. O comércio tradicional não precisa de uma mega estrutura para funcionar por isso podem-se fixar no melhor centro histórico ou na proximidade de qualquer núcleo habitacional. Mas é preciso beber um bocadinho dos ensinamentos dos grandes shoppings. E a melhor forma de os combater é agir na mesma lógica deles, pois estes estão sempre bem informados quanto aos mercados e apostam no saber como forma de afirmação. Adaptem as vossas lojas de forma a desenhar um esquema de um shopping a céu aberto organizado em rede. Isto é possível com a elaboração de uma carta comercial, por parte da associação em parceria com a autarquia, em que se determine o tipo de utilização de cada loja e o local onde esta vai funcionar, determinando-se também meios de interacção entre o todo e cada parte. E ao mesmo tempo se estude formas de atracção de lojas âncora para todo o comércio. Lojas ancora são lojas que tem a capacidade de sozinhas conseguirem atrair a km de distancia um grupo de clientes, (Zara p. exemplo), e assim as outras lojas poderiam aproveitarem-se do protagonismo dessas lojas para melhorar o seu negocio. Outro tipo de comportamento a ter com as grandes superfícies, é o de cooperação, principalmente por parte das pequenas e médias empresas da região, para que não percam por todas as partes, pois á partida ao fixarem nas nossas regiões as grandes superfícies, vão trazer uma serie de produtos de fora que podem tirar o mercado aos produzidos na terra, tenham imaginação para inverter esta tendência, e adaptem-se sobretudo ás novas exigências dos mercados.

Vamos gente de basto comecem a trabalhar, para se um dia um eventual shopping chegar por estas bandas, estejam minimamente preparados...

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domingo, 7 de setembro de 2008

Regionalização, sim porque:

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O tema da regionalização volta a ser falado na nossa esfera política, em que se começam a apresentar soluções, embrionárias sobre um país a regionalizar. O tema é importantíssimo, e do interesse de todos que prezem minimamente o desenvolvimento nossa terra e do país, para se estar a condenar logo á nascença, sem lhe dar sequer tempo para amadurecer e se tornar um projecto mais sólido e credível. É muito bom que se comece a falar deste tema e que se lance a discussão desde a assembleia da republica até as da junta de freguesia e até ás nossas casas, para que este projecto se fortaleça e se evite as atrapalhações de á 10 anos atrás. A opção política actual enveredou, por falta de coragem, e por um respeito sarcástico aos resultados do ultimo referendo, por uma solução mais suave que se pode chamar municipalização, em que se pretende um maior poder para as autarquias, mas a mesma ou menor autonomia face ao poder central. É evidente que aqui é preciso dissecar uma parte fulcral da questão, ao aparecer a regionalização ira haver um apoio mais directo ás autarquias, no que se refere a questões acima das mesmas, dando-lhe uma maior liberdade e disposição para reparar para os valores mais próximos no seio das suas terras, levando a que o papel das juntas de freguesia seja repensado. Deixemo-nos de” la palissadas” em questões nestas matérias, de que são precisos impostos para as regiões funcionarem , é obvio que assim tenha que ser , é o principio básico de autonomia da regionalização, o que vai deixar de haver é tanta desigualdade na hora de repartir verbas substanciais. Acham justo Lisboa com investimentos 400 vezes superiores ao Porto, quando a riqueza proferida por uma e por outra parte não corresponde a estes valores. O sistema politico vigente, não corresponde em nada ás necessidades do país, vejo Portugal com enorme potencial para desenvolver, mas que esta interdito por um pólo central que não é capaz de alargar a base territorial de competitividade da economia. No tempo de globalização em que estamos, as cidades e as regiões se organizam-se numa rede de funções em que cada uma funciona como um nó dessa rede, sendo necessário que as regiões alarguem o seu prisma de autonomia e flexibilidade, fiscal, social entre outros para que o país tenha a oportunidade de contribuir para esta rede com varias polaridades. Para isso é necessário que Portugal se apresentasse com uma imagem politica descentralizada que permitisse a cada região determinar a sua própria estratégia perante o mundo, ocupando o poder central um papel de concepção macro projectos que favoreçam estas regiões. Por isso, se poderíamos pensar que o centralismo era um sistema com futuro, a globalização veio-nos mostrar que a necessidade do seu sistema é outro, e como não queremos ficar fora de jogo é preciso incentivarmos o aparecimento da regionalização. Todas a s estratégias que tenho apontado tornam-se mais fáceis de realizar com este sistema politico. Acham que as regiões como a nossa(terras de Basto), que vivem numa situação de desenvolvimento, muito inferior aos nossos vizinhos, estejam a receber as verbas que estão ? È que para agravar a questão, estão a ser distribuídas de uma forma no mínimo, injusta.
Como estas desigualdades so podem ser combatidas de forma séria no terreno, regionalizar é urgente.
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